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Entrevistas

Ivair Aparecido, entrevista realizada em 5 de agosto de 2012

depoimento de Ivair Aparecido Marques de Lima, o Palhaço Elétrico, concedido em entrevista realizada em 5 de agosto de 2012

A escola de circo começou em 1978. O diretor lá era o Sr. Colman. Foi no Pacaembu, a primeira aula que aconteceu. Eu cheguei a ir na Casa do Ator. Porque, num período, a Secretaria do Pacaembu não queria que nós fizéssemos o trabalho lá. Então, mudamos para a Casa do Ator. Era por causa de alguma coisa dos jogos, é… Moravam alguns artistas lá na Casa do Ator. E tinha artista circense também lá! E, depois, no Anhembi eu também participei bastante. Iam muitos alunos, é… E o pessoal da ‘Secretaria da Arte Circense’ não tinha muita verba pra pagar os professores, assim foi acabando aos poucos. Já tinham poucos alunos naquela época também.

Tinha o Tápia, que foi professor de… vôos, de trapézio. Aéreos. O Gibe, que já faleceu. Ele fazia o Papai Papudo lá no SBT, era ele. Mas ele faleceu. Fazer o que? Quanta gente já morreu… Dessa gente antiga que eu conheci. Agora, esses dias mesmo, morreu o pai do Pirulito. Morreu anteontem. Mas, O Gibe sempre me tratou bem, gostava de ensinar a gente… O Roger também gostava de ver a gente participando da aula, ele era muito exigente, mas ele gostava que a gente participasse da aula direitinho. O índio Jotha foi professor lá também. Laço e chicote. Eu entrei em cena com ele na apresentação do finalzinho. O índio Jotha é o… Não era o Ubiratan não, o Ubiratan era outro. Tinha um professor chamado Ubiratan, mas o Jotha era mais da área de malabarismo, manipulação. O meu nome de palhaço, Elétrico, eu tenho por causa dele. Foi através dele, do Jotha, que eu virei o Palhaço Elétrico. Foi ele que colocou.

O Seyssel, eu conheci pouco. Não conheci bem ele de verdade. A Ester, eu fiz aula com ela também, ela fazia mágica, ensinava mágica cômica, truques de baralho cômico, o do café, ela ensinava o truque do café que tinha um coador falso que na hora que tirava aparecia só a água, na hora que colocava só aparecia o café, era um tipo de um plástico falso que representava que tinha café, mas não era café. A Dirce Militello morava aqui perto do Palmeiras, a parente dela era… Eu esqueci o nome dela. Sei que ela tinha uma filha que trabalhava em novela também, mas ela fazia muitas apresentações de teatro e de circo. Ela fez circo também… É Vicky Militello! Ela chamava Vicky Militello. O Abelardo era dono de circo, o Abelardo Barbosa. Não! Ah, O Abelardo Pinto era dono de circo, ele tinha circo, inclusive… Meu tio trabalhou com ele no circo. Até eu trabalhei no circo dele, fazia comédia no circo dele, do Abelardo.  E tinha um outro substituto que trabalhava com ele que chamava palhaço Pardal, que era o meu próprio meu tio! Ele trabalhava com o Abelardo, fazia esquete. E, que eu até já falei, tinha o Colman. Era uma pessoa que gostava de circo, mas percebia que ele era mais do lado político, assim. Ele sempre queria fazer as coisas puxando nas coisas políticas. O Tápia também já falei… Era professor de trapézio, fazia trabalho de trapézio e cama elástica, fazia número de cama elástica. Ah, o Jotha não ficou muito tempo na escola porque ele já estava doente naquela época. Eu fazia número de chicote com ele nas apresentações, nos próprios circos mesmo.

Eu não falei sobre as apresentações que teve no Pacaembu, no final! No final, antes da mudança teve uma apresentação lá. Não o Festival de Verão teve no Guarujá que nós fizemos também, foi o primeiro Festival de Verão do Guarujá que nós fizemos através do Piolin, que é a escola de artes circenses. Ficamos lá de segunda até sexta feira, e sábado e domingo… No Pacaembu foi o seguinte: teve uma apresentação oficial, com todas as reportagens que existiam, todas as emissoras de televisão da época: tv Record, tv Globo, SBT – que não era SBT, era canal 4. E foram as apresentações finais do Pacaembu, fizemos desfile de circo com apresentações de leões, cães adestrados… Todas as emissoras de televisão estavam lá, jornais, o Jornal da Tarde. Inclusive, eu tenho o jornal com a minha fotografia, foi o primeiro currículo que eu tive de jornais, o Jornal da Tarde. Foi em 1978. A escola ficou pouco tempo no Pacaembu. Existiu até por pouco tempo. Porque eles não tinham, assim… Não davam apoio. Ficou muito pouco tempo porque não tinha apoio. Tinham mais pro lado de apoio político deles. Agora, sobre as apresentações de Guarujá, ficamos quase uma semana lá. E a apresentação do Pacaembu foi muito bonita. Foi bem no finalzinho da escola.

Um contato com aluno daquele tempo, que fez aula comigo, é o filho do Gibe, o Albertinho. O Albertinho foi aluno de palhaço, está trabalhando em circo, ele é palhaço agora e esta trabalhando no circo… Circo Spacial ele tá trabalhando! No circo de viagem mesmo, o Circo Spacial de viagem. O nome dele é Beto, Beto Pinheiro. Eu já trabalhei com o Beto também. O primeiro circo que ele teve chamava Circo Tuzar. Ele é o único mesmo, esse filho do Gibe. E o palhaço que é o palhaço Capotão, que trabalhava no circo Tuzar, já falecido também. Mas a família dele mora em Campo Limpo. A família do Capotão mora no bairro do Botujuru. Que é dos mais antigos que eu conheci.

Ah, lembro do Walter Negrão, que também fez escola de circo. Hoje ele é diretor da Globo, de novela. Ele mora na Vila Madalena. Tem aquela que faz o ‘Museu do Circo’, como é que é o nome dela? A Verônica! A Audrey. Tem a Amercy, professora, o Savalla era professor também. O Savalla já foi embora. Ele fazia participação de… acrobacia! Dava aula de acrobacia de solo. Eu tive essa aula de acrobacia, e de palhaço. Eu era aluno. (…)

Eu conheci ele [Olney de Abreu] na escola de circo e depois nos reencontramos lá no Festival de Águas Claras. Eu estava vendendo guaraná Caiabí, de palhaço. Guaraná Caiabí é um guaraná em pó. A gente até fazia até rima. “Fique louco, mas não perca o pique tomando guaraná Caiabí. Guaraná Caiabí é 100% natural pode tomar que não faz mal.” Fazia rima e tudo.

Eu aprendi muito na raça! Meu tio era palhaço também. Fui fazer aulas na Piolin porque eu queria aprender mais coisas. Aprender mais sobre acrobacia, mais (…) de palhaço. Queria saber como o palhaço tem que entrar em cena. Tem muitas coisas que o palhaço tem que saber que eu não sabia. Aprendi. Na Academia Piolin eu aprendi primeiro com os professores, com os mestres… Depois, aprendi mais com ele [o Olney] mesmo. Na verdade, foi trabalhando que eu exercitei. Aprendi mais fazendo os trabalhos.

Antigamente o cenário de circo era todo feito de pano, então naquela época a gente fazia comédia e cada apresentação de comédia tinha um rolo diferente. Trocava o pano e mudava o cenário. Quando a gente fazia comédia tinha o cenário de mesas, aquelas mesas antigas, aquelas roupas antigas como as que os nômades usavam. Peruca, a gente tinha peruca de truque. Antigamente entravam os palhaços que tinham uma peruca, que você apertava uma seringa e a peruca levantava! Assim, pra cima! Aqueles cabelos, quando a gente fazia uma apresentação de teatro no circo de algum fantasma ou alguma coisa que trazia medo para a criançada, a gente usava esses truques na peça de teatro e nas reprises de circo também. E tinha uma mesa falsa em que o palhaço ele ficava sentado numa vela acesa e aquela vela ela diminuía. Tinha um botão, um botãozinho, que você regulava a vela mais pra cima e mais pra baixo. Toda a vez que a gente fazia trabalho de humorista a gente fazia isso. Um palhaço tinha mais medo que o outro, o outro falava ‘Ah, mas eu não tenho medo’ e o outro falava ‘Ah, não, eu também não tenho’. Ele nunca falava que tinha medo… Na hora em que chegava a vida real mesmo, vamos dizer, da pessoa que estava com medo, a vela crescia! E quando a vela crescia, nossa! Um palhaço corria pro lado e o outro pro outro… ‘Não, agora eu vou ter coragem! Vou sentar aqui de novo, vou ter coragem, eu vou falar pra você que eu não vou ter mais medo’ Então, entrava outro personagem vestido de caveira, entrava vestido de caveira e saia bem devagarzinho para os palhaços não perceberem, eles vinham atrás. O outro palhaço dizia ‘Ei, tem alguém ai atrás de você’, ‘Atrás aonde?’, ai ele virava com… a caveira… e virava nas costas dele! Isso é o esquete do Caveirão. É… Então, ele virava, ele não via nada… ‘Mas eu não estou vendo nada’ Mas, na hora que ele via ele assustava, depois ele dava um tapa assim na mesa e rachava a mesa. Era uma mesa assim… Não era mesa maciça como a de hoje, era aquele tipo de isopor. Era uma mesa bem frágil pra cair mesmo pra fazer o efeito do riso, da palhaçada do circo. (…)

Isso do pessoal pegar sarna de leão… Isso já aconteceu em circo, na vida real. Na escola não. Mas isso aconteceu no circo, fora da cidade. Não foi aqui, foi em outras apresentações que eu soube. Acho que foi lá em… São José dos Campos. Porque na escola de circo não tinha animal, não tinha animal naquela época. E, agora está proibido trabalhar com animais no circo. (…)

Esse ano a gente vai fazer, inclusive a Verônica vai nos ajudar em termos de material, de releases, esse ano a gente vai fazer várias entrevistas de televisão no Dia do Palhaço. Vou atrás de patrocinador, de repórter, para levar todas as emissoras pra fazer essa homenagem ao Dia do Palhaço. A gente vai fazer tudo bem organizado esse ano. No ano passado nós não fizemos, só foi por rádio. Só foi entrevista de rádio. Aliás, eu nem vi apresentações no Dia do Palhaço, a Verônica fez, mas eu não cheguei a ver. Mas esse ano a gente vai fazer, se Deus quiser.

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